Os Seios de teu Pensar
Teu olhar reflete tantas cristalinas esfinges
Que trancafias na luz enforcada de teu ser.
Ao te beijar, desabrocharam os segredos que finges
Não ocultar no íntimo submerso de teu entardecer.
Vestes-te com os sangues fônicos deste sudário
Enterrando no ar que absorve as cavernas de teu segredo.
A Pulsação em coma de teu existir exuma o degredo
De teus rios que te fluíam das ilusões o contrário.
Neste vórtice da alma onde a Liberdade é a tua clausura
E as Mentiras plantam falsos oráculos em tuas colheitas.
Quem tu és de verdade é fusão de todas as seitas
Que te transmutou nessa doença onde caminhas como cura.
O Farol estrangulou no mar o seu próprio lume
E ergueu em tua mente da Estultícia os altares.
As Fragrâncias vomitaram todo o estrume
De tuas ações afogadas de teu egoísmo pelos mares.
A Avidez míope e tributável de tua inércia transcende
Os incestos morfológicos de teus ensangüentados versos
Que copulam nas raízes evolutivas de teus retrocessos,
E na vulva de tua Alma a Escuridão se inunda e se acende.
Minha Tristeza acaricia ternamente com rispidez os teus lagos
Que confinei os eflúvios de amar na catarse de meu recato.
Em tuas palavras pensei encontrar a égide inabalável dos afagos
Daquele amor que foi a cicuta em meu coração antes tão sensato.
O Penhasco de teu quarto escuro escala os abismos das fulguras
Enquanto o Pai chora a insone dor de seu filho da ausência;
Hoje vossos olhares são eternos amantes de toda a displicência
Que nos seios de teu pensar engaveta tuas dúvidas e torturas.
Gilliard Alves