Realize-se
Tanto faz se há misericórdia ou imoralidade
Em ambos os casos ouvem-se vozes suaves e trovões
Por que esperar que os fantasmas vão embora?
Ou sentar para ver as intervenções dos homens passarem?
Enquanto os sabores são trocados e a poeira toma conta do ambiente
A sua passividade explode bombas repentinas
E acaba com o crepúsculo dos herois.
Submete-se a felicidade ao crivo do espelho cego
À espera da resposta lógica
Mas se vai, perde-se no tempo e na desatenção
O que foi escrito a fogo se eleva agora apenas como fumaça
Da pena, sobra o trêmulo
Da palavra, as sombras do infinito
Você espera pelos milagres da vida
Mas eles não chegam aos que estão apenas sentados
As cortinas do inesperado podem esconder surpresas
O tocar dos sinos serão escutados no horizonte limpo
Sem os passos da agonia nem a urgência do tempo
Nem a satisfação pela decadente matéria
Que tudo seja apagado pelas ondas do presente, então!
Para que uma nova história seja escrita
E que jamais será consumida pelos fatos incrédulos
A crença no real será vigorante ao espírito
Que aconteça por um coração que sonha
Mas que se vê mergulhado na incapacidade de ser real
Ao agora, o para sempre
E ao sem fim projete-se apenas o que for concreto.