EU E O OBJECTO
Quando quis te ter me tivestes.
Quando fui a ti, esperavas-me inerte
Porque sabia que eu pararia no teu eu estático.
Dei mil voltas e sempre me esbarrei em ti.
Tive ansiedade para te ter,
Sonhei estar contigo,
Chorei quando te perdi enquanto
Parecias ri e zombar de minha inconstância e temporalidade.
Hei de aprender com o maior grão de areia para
Ficar ao chão, ao léu se vier o soprar do vento
Para ir ser em outro chão...
Quando quis te ter me tivestes.
Usastes-me,
Devorastes-me,
Consumistes-me.
Não sou mais nada:
Nem pó,
Nem barro.
Apenas tu és o que és – a pedra inerte,
O objeto, o ser pelo qual me consumi,
O ser que foi e que é,
Para o qual eu fui e não sou.