NA BREVE AUSÊNCIA DE MEUS CARINHOS 

Deixo-vos e vou-me embora,
não é ameaça e nem aviso.
Às vezes o sumir se faz preciso,
para aguçar pensamentos solitários,
e apaziguar os furacões de minha alma.

Vou vadiar nas andanças dos devaneios,
num bosque qualquer das poesias perdidas.
Na sofreguidão de um amor sonhado,
que não realizou seu desejar.
E ainda pranteia por entre as orquídeas,
aquelas que nunca foram entregues,
á um duvidoso amor de minha vida!

Vou dar cambalhotas por sobre a ponte,
que liga minhas saudades ao infinito.
Vou cair no rio das miragens e num cochicho,
com um boto rosa que já amou,
descobrir talvez, a verdade por de trás do mito,
de que o amor nada quer, e por amar tudo suporta.

Mas, volto logo!
Antes que minha bela vire uma fera,
na breve ausência de meus carinhos.
Pois até o gavião feroz,
que nada mais é que um grande passarinho,
voa alto, voa longe,
mas também volta para seu ninho.