MAHARAJI
Dessa verdade interna e única
onde o coração em simplicidade
tangencia pela certeza da túnica
dos monges sem nenhuma vaidade
desnudo o meu corpo e a alma
no poço da gratidão por ter vivido
meu tempo, meus erros, minha calma
no outro, que ao vinho bebido,
deu-me a bem-aventurança do amor
dos corpos em embates e na flama
do tempo em reverso e mesmo na dor
pela ingenuidade de quem ama
na serenidade do adeus em silêncio
onde o grito do corpo havia purgado
e a cicatriz torna-se o que silencio
nesse momento de espanto magoado
desnudo-me e em mim clareia o nada
nenhuma ânsia de noites, de chamado
mais nenhuma fuga pela madrugada
nenhum corpo a ser visitado
a lógica posta aos pés de ninguém
como partir-se e ser espectro de nada
e seguir em branco, ir ainda, mais além
e à mentira, poder dizer: obrigada.