Pássaro ferido
As aves se feriram por almejarem o céu,
tanto ziguezaguearam e julgaram-se o ar,
mais tarde, camuflaram-se em longo véu
sem nuvens, desde seu azulão ao âmbar!
Meros transeuntes eternos de nós mesmos,
pássaros!, somos a nossa própria paisagem,
que por nad’ainda sermos não a possuímos,
temos apenas divinas missões em viagem!
Imensidão de feridas andorinhas meigas,
tombaram do fundo de si mesmas, no dia
de quererem o perdível, em duras plagas
terrestres arrastaram sua trágica miséria!
Míopes cuja lanternas são as impressões
incertas, oscilando conforme nos apraz,
só em sonhos vemos co’olhar as estações
guiadas por brandos mensageiros da paz!
Quando sentimos que grandiosa liberdade
habita a renúncia libertária dos grilhões,
e quão edificante é reconhecer a felicidade
que nos cabe por justiça,não por padrões,
este pássaro de nós voará mais poderoso,
desprovido do querer abarcará mais poder
e não possuirá o céu pois ele é o Universo,
homem-pássaro-céu, alma única a crescer!
Santos-SP-24/09/2006