Cruzadinhas
hoje eu fiz meu avião
ela nunca entendeu
de uma folha de papel
que ela pode ser feliz
a justiça é que me diz
eu já sei que vou pro céu
que o rico não venceu
nem que seja de avião
não se tira a mesma dor
vê se usa menos sal
lá do fundo do baú
no tempero do feijão
emprestei à solidão
não me vejo a olho nu
o meu lindo avental
qu'é pra não ter dissabor
a vingança deu no pé
embrulhei a ilusão
quando o medo apareceu
numa folha de jornal
era tudo muito igual
não deduza que fui eu
nessa nossa relação
que entornei o seu café
da Austrália o canguru
minha terra tem a cor
já pretende se evadir
que o artista nunca viu
a ninfeta concluiu
posso me imiscuir
que ela nunca fez amor
nas idéias do guru?
Rio, 01/07/1991
Obs.: em cada estrofe, o primeiro verso se liga ao terceiro, assim como o segundo ao quarto (N do A)