Alvorece a alma
Amanhece. Do sonho me despeço.
O dia claro me envolve em seu laço
ainda que tema minha alma esse instante
em que o enigma do mundo lhe aviva
uma discordância definitiva
no espaço em que sou mera tripulante.
Se desvanece o sonho al sol, pressinto,
voa-me da alma tenaz algo de instinto
que borda ao remate novo começo
com manjares sutis, ricos e fartos
reverberando nos falidos partos
mel celestial, qual plácido lenço.
Se uma noite taciturna amanhece
e cada morte impávida renasce,
urge aquietarmos a ânsia que há nas bocas
repletas de pungentes pensamentos,
recuperando eflúvios dos bons ventos
que botam fé salvando as almas loucas.