Bálsamos
Ventamos nós outros, pregada a raiz no inferno
e asas esticadas tateando céus,longe tão longe,
que pendura pontes invisíveis de acesso eterno,
oposto à ancora na qual nosso ser tênue emerge!
Dividimos o bem e mal em nossos dias materiais,
cônscios d’incrível pureza que nossas entranhas
habita,dulcíssimo antro de mares vigiando a paz
e’inda assim tiranizamos o amor todas as manhãs!
Nem tanto ao mar nem tanto à terra, há um muro,
hirto divisor que ao degredo confina, não raro
a perspicácia idiota nos esquive d'amor perfeito.
A juíza é nossa consciência fazendo desconforto!
Levantam-se as nossas âncoras inesperadamente
nos arremessando a tanto abismo inconveniente
onde aportamos, portas amplas mal escolhendo,
para caber concha dura,nossa alma encobrindo!
Depois de navegarmos mares rubros ora brancos,
no casco pintadas cores da pureza e do pecado,
não reconhecemos de súbito o bálsamo do mundo,
anunciado na voz santa qu'intermeia os flancos!
Por vezes evadimos (viciados ao hirto bulício),
da calmaria quieta,que fala prontto ao coração,
coisas qu'as brumas lenitivas cochicham ao rio;
é hora de treinar lição e agradecer com emoção!
De novo será o infinito sem caminhos,de sobra
mares brancos e rubros, entre oásis e abismos,
rugiremos triste adeus à ave fujona da sombra
e a saudade parindo no ar o nada que fizemos!
Icemos velas inchadas no sentido dos bálsamos
e emoção será atalaia guiando o povo errante,
de chão a céu, entre anelos divinais,cantemos
o louvor que floresce o nosso lar eternamente!
Santos-SP-05/08/2006