Zênite

No pináculo de meu morro de concreto

Vejo nublada figura sentada

De cabeça baixa e olhos o norte fitando.

Chego mais perto segurando pedra,

Falo, grito, vocifero altissonante

E a figura mantém-se estática

Como monge em lótus no Tibete

Apático a estática atávica!

Caminho em direção a estranha figura

Que se porta alheio a mim

Como se soubesse que a pedra

Nunca será suja com o carmim.

Fico ao lado do que agora toma corpo

E posso ver no negror de seus olhos

A resposta de pergunta que não fiz

“Sou a humanidade e o homem

“Sou querer morto no não fazer,

“Sou os sonhos que não valem um vintém,

“E cujo valor alto dizes ser,

“Sou sophia e kali,

“Sou humano, demasiado humano.”

J 24/09/09