TEMPESTADE
Ao longe, em surdina,
A trovoada prenuncia a tempestade
na noite deste dia sufocante.
Os corpos porejados de suor
clamam por uma chuva fina,
que amenize o calor constante.
O vento , em farândolas de areia
numa dança frenética em espirais
agita o ar e o aquece ainda mais.
As palmas dos coqueiros jerivás
- espanadores do céu
instigadas pelo açoite que enlaceia
dançam junto contra o plúmbeo céu.
As ruas tornam-se vazias
e por trás das janelas: orações
- esconde tesoura, esconde a faca
tapa o espelho, desliga a luz...
Cada um enfrenta a sua tempestade
do jeito que aprendeu.
Com ventos, raios e trovões
temendo até que dure muitos dias
ficamos, todos, esperando chuva – da fraca
pois aquela de enxurrada
depois desta louca ventania
é o que a natureza produz.
E a gente cruza os dedos
acende vela rezando com ardor
e até deseja que retorne
o sufocante e infernal calor.