lençol de iluisao (Comente)

POR AI...

Encontrei-lhe ruminando segredos

Driblando olhares

Descartando probabilidades

Encontrei-lhe restaurando o vazio

Adoçando amarguras.

DESORDEIRO DE MIM

Acredito na dúvida

Duvido do destino

Destino meu futuro

Embriago meus anseios

Marginalizo meus meios.

NÓIA

O baseado já não me basea

O álcool não me destila

A puta já não me converte

Ao sexo sem limite.

Meu sono rasteiro

Me eleva a realidades mal consumadas.

TEU AMOR

Ejaculando um amor infecundo

Nesses dias desiguais

Metade de mim se atreve a atrever

Outra metade se distrai.

EM MIM

Afogo-me em sombras do teu ego

Descanso em teus braços movediços

Aprisiono tuas angustias em meu degredo invisível.

EGO

Gasto meu tempo

Não poupo nenhum segundo

Não converto meu presente

A nenhum futuro absurdo.

PUTA QUE PARIU

Tão corrupto teu corpo vendido

Anunciado ao mais vil classificado

Tudo pelo dinheiro amaldiçoado.

Eu te daria meu peito amordaçado

Se não fosse eu também um prostituto da vida.

DICIONÁRIO DOS SEGUNDOS

Arrisco-me por puro risco

Quero céu

Inferno

Danço em qualquer abismo.

Refugio-me nas fugas

Das retas faço curvas

Durmo em ninhos farpados

Vou além, vou alado

Só quero ver a vida

Do meu campo minado.

CEGUEIRA

Era o teu frio que me aquecia

Teu pão de fome que me alimentava

Fui teu como vaga-lume encarcerado na própria luz.

CURA

A cura do mundo adoeceu

Enquanto buscávamos em Deus

Soluções egoístas.

Sextatrincheira

Quanto ego egoísta

Nessa noite de sexta.

Uns comem, bebem e reclamam.

Outros choram, sorriem

depois se esvaziam em qualquer sombra.

AINDO CEGO

Dormimos acordados

Sobre tantos enganos

Dirigindo a esperança cega

Por todas as contramãos

MATEMÁTICA DOS "EUS"

Meu tempo fracionado

Anda somado

Dividido em tantos eus.

MAIS UM DIA

Apenas mais um dia,

Devorando segredos em jejum

Indo a lugar algum

Polindo a mesma escuridão

Bocejando o mesmo descontentamento

Apenas mais um dia

Onde o medo vira reflexo

E silêncio escuridão.

ESSES AMORES

Meu amor nasceu estéril

Mas não por mistério lhe quis.

Mas por vaidade

Dessas vaidades hereditárias

Que passa de egoísta para egoísta.

DISTRAÇAO

Enterre essa ponta de tristeza

Mas não em cova rasa

Enterre o sol mal polido no luar

Em cova mais profunda do sorriso

Deixando que qualquer lágrima clandestina

Adube feito morfina

Essa dor de tantos endereços

DE QUALQUER COISA COISADA

Teu doce cinismo

Cansado e aflito

Transborda aos litros

Em meu ombro, e tudo dorme.

LENÇOL DE DE ILUSAO

Frascos de dias perdidos

Litros de monotonia

Gravidade engavetada no ar

Flores nos xaxins

Nuvens eternizadas no céu

A vida vista de cima é menos agressiva

HERANÇA

Pó de mim

Enxofre imitando alecrim

Pó de mim

Vou dizimando-me por não ter fim

Pó de mim

Sou da mesma árvore genealógica de Cain

Pó de mim

Deixe me abraçar todos meios e fins.

FERIADO

Hoje a ignorância é facultativa.

PROLETÁRIO

Trabalhei

Descansei

Remunerei-me

Gastei-me

Reivindiquei-me

Despedi-me

O salário de se eu mesmo é sofrer.

LADO G.

Já fui os denários de Judas

O lado B da alma

O blues alegre

As mãos que não salvam

Mas hoje sou vida em qualquer agreste.

NAVEGAR

Ao teu lado vou navegando

Quase que assim naufragando

Involuntário desatando os laços virgens da vida

O BAILE

Vomitei o sóbrio ao sambar pensamentos ébrios.

Blá, blá, blá ...

Meu amor foi um equívoco

Meu ego se esgotou

E de sincero só guardei esse sorriso de Pilatos.

ROTINA

Rasguei o R.G

Estuprei o Q.I

Estou vivendo de rir

Tossi o que o coração não quis expelir

Mastiguei rotinas perecíveis

E continuo engolindo com os olhos a rotina.

REBELDIA É PRECISO

Bem-aventurados os rebelados

Pois estes não herdarão a miséria da obediência

NEUROSE MATINAL

Amanheci arrotando orgulho

Ungindo pesticidas

Esvaziando o tempo

Enchendo o cansaço

Escavando covas inúteis

Amanheci saboreando as indiferenças

Jejuando aflições

Molestando o inatingível

Cultivando neuroses.

AS COISAS

As coisas tem nomes

De coisas estranhas

As coisas tem formas

de tantas formas

Algumas são vivas

Outras amorfas

As coisas são sobras

De outras sobras

Quando todas juntas

Todas se transformam

em outras formas

E os olhos as devoram de varias formas.

MEU TEMPO

Meu tempo é curto

Meu tempo é lento

Tem dias que se chama vento

Tem dias que se chama lamento.

Marcos Marcelo Lírio
Enviado por Marcos Marcelo Lírio em 11/10/2009
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T1860583