A MÁQUINA DO MUNDO SOU EU

Sou o produto do universo vivo

Da mais galante complexidade

Da terra feito tal qual paraíso

De Deus a sua perfeita vontade

Criado pleno ao final de tudo

Denominado homem ao sexto dia

Girava a máquina do tempo em fuso

Feito qual noite, também feito dia.

Principio d'algo muito inteligente

De importância grande, capital

Eu construí prima matéria ingente

Todo o meu bem e todo o meu mal

Ilimitada é minha inteligência

Em muitos séculos como num segundo

Feito por tudo a maior potência

Tornei-me a máquina melhor do mundo.

Conquistei tudo... esse neo-espaço

No globo Terra que à mim foi dado

Tudo que quis, quisera, quero o faço

Para criar eu sou ilimitado.

Como sou máquina eu posso tudo

Ousar em grandes altos ideais

Lançar-me... antes era um absurdo

A tão longínquos espaços siderais

Em sendo máquina tenho o labor

Em minha mente projeto se encerra

Tanto me faz eu produzir amor

Como potente em produzir a guerra.

E assim com esta forma bem simplista

A humana máquina... bem é verdade

Foi revelada plena ao realista

Carlos, poeta e, Drummond de Andrade.

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