Há arte no cotidiano
Na maneira como nasce o dia,
Feito prólogo ao livro.
O vento em sinfonia tímida, voraz.
As fotografias mentais dos lugares comuns e singularmente belos.
Arquitetura posando de escultura,
Assim como o corpo, em passos coordenados, cria a dança.
Eis que das palavras livres deitadas em um canto qualquer,
Resultam em literatura,
Ou até filosofia sábia e néscia de botequim.
Das mãos que convergem em beijo,
Em zelo,
Em prosa,
Em canto,
Nascem as cenas dramáticas do bem-querer
Ou do não querer, ainda que se querendo.

Há vida na arte.
Seja no cinema mudo de Chaplin
Ou nos extremos de Kubrick ou Fellini,
Seja Picasso, Kandinsky, Dalí, Da Vinci, Van Gogh, Portinari.
Residindo na Capela Sistina,
Nos cestos indígenas.
Ao som de Villa-Lobos,
Com a mais bela das letras de Chico.

Há vida na arte de rua,
Nos poetas como Drummond,
No teatro psicológico de Shakespeare,
Registrado pelas poderosas fotografias dos mais estranhos e talentosos desconhecidos.
Há energia em Oscar Niemeyer.
A vida é a própria arte de viver em e da representação,
Gerando um limiar acobreado,
Entre o humano pensar e o divino sentir.
Somos todos artistas do presente seguir
.
Karla Hack dos Santos
Enviado por Karla Hack dos Santos em 23/02/2009
Reeditado em 15/11/2010
Código do texto: T1454015
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