Quem me roubou de mim?

Onde estou?

Num cativeiro de medo estou preso.

Preso num corpo que não me pertence,

nem nunca me pertenceu,

pois o verdadeiro habitante deste,

há tempos já morreu.

Roubaram-me de mim,

sem ao menos eu perceber,

roubaram-me do meu mundo e

me prenderam neste ser:

gritante, errante, sujo, quente.

Não sou quem pareço ser,

é visto apenas este disfarce,

do qual luto pra me desprender

e acabar com toda a maldade,

que este corpo me faz ver.

Estes ouvidos que não são meus,

escutam muitas asneiras,

e olhos que não me pertencem

enxergam muitas besteiras.

Vejo também de pessoas normais

o quanto podem ter tristezas.

Não há por onde fugir,

nem esperanças de escapar,

não sei como me prenderam

dentro deste estranho lugar.

Uma caixa totalmente oca,

que nela faço morada,

como faço pra sair daqui

e continuar minha jornada?

Não existo pra ninguém,

Nem mesmo pra mim mesmo.

Só consigo me enxergar,

Quando me olho no espelho

E vejo como estou triste,

Encarando meu pesadelo.

Quem me roubou de mim?

Quem me deixou aqui?

Trancafiado, isolado,

em um corpo amargurado.

Muitas perguntas a responder.

Calo meu grito sem poder dizer.

Que daqui não posso escapar,

tampouco me mudar,

para em outros corpos morar.

Quando esta casca amadurecer,

ou mesmo então, apodrecer.

Viverei por aí a perambular,

sem que olhos terrenos possam notar.

Sillino Vitalle
Enviado por Sillino Vitalle em 09/01/2009
Reeditado em 09/01/2009
Código do texto: T1375106