O demônio "subído"
A via secundária
da minha entrada ao céu
a primeira extraditada
no horror de um podre hotel.
Hotel de minha vida
nada doce e mole vida
minha luta e minha lida
de uma sina que incrimina.
O que me fascina
é a claridade disso tudo
imensidão que se aproxima
sem saída pelos fundos
Ao lado dos que já foram
esperando que muitos venham
embaixo que pega fogo
aqui a delícia desdenha.
A fome que um dia passei
o ódio que sempre senti
a alma que um dia amei
que sempre procurou a ti.
ajoelho-me ao seu pé
imploro-lhe perdão
subi pela velha chaminé
esperando adentrar pelo portão.
Que posso fazer para isso
se em nada jamais acreditei
se isto realmente é o paraíso
minha fé eu invalidei.
As trevas que sobem
e a luz que cai
as chagas de um homem
que cegamente te trai.
O desespero que toma conta
das minhas chances que se vão
a quente raíz que me afronta
enfrentrar o mundo cão.
Não! Perdão, mas pra lá eu não vou.
Deus e Satã são os mesmos
recebidos pelos seus com louvor.
Fico, de forma passiva.
Da decisão dos que me julgam
com coragem e minha vida em garantia.
O repentino que me assusta
pés que não sinto em nenhum chão,
as cores que eram de desfruta
evaindo-se em escuridão.
O vazio agora em completa
o medo já é meu amigo,
já me esperam com uma festa,
de dores, mágoas, sangues em rios.
Perco a ultima esperança
adeus ao mundo encantado
abro os olhos com insegurança
encontrando o despertador ao lado.