O JARDIM DA NOITE
Vivendo tanto nas tuas plagas
Um sentimento me fez extremecer
Passei a vida inteira te usufruindo
Sem de mim nada te oferecer
Me delicio ainda em ti
No teu frescor e sensualidade
dona de desertos, florestas, mares
suavemente observando as cidades
E nas últimas horas quando cansado
Um cadinho sequer de cuidado te dei
Ia-me embora sem te agradecer
As horas que fostes minha e que pequei
Mas sempre me olhavas graciosa
Um boêmio fascinado a gozar em ti
E sorria dos meus devaneios
Não me negando nada, sempre a permitir
Eis-me aqui, ganhador da tua paciência
Agora agradecido como uma catedral
Me pondo teu servo por me dares tanto bem
Sempre cuidadosa me livrando do mal
Para te construir um sonho
Uma surpresa das mais lindas primazias
Do que tem um poeta na bagagem
Amealhadas minhas mais belas poesias
Farei então uma jardim com elas
Que ficarão sempre a te esperar,
No final da jornada do dia, amiga noite
Quando pelo teu ser sairei a recitar!
Me verei então liberto
Da ingratidão de sempre te usar
Passearemos de mãos dadas, e submisso
Todo meu amor a te dedicar...
SALVADOR, 18/02/2008,
Barret.