HÁ ALGO NA SOLIDÃO
Há algo na solidão que não se explica.
Um mistério que se aproxima devagar,
às vezes cura,
outras vezes fere com mãos invisíveis.
Há uma voz que surge do nada
e um ouvido que não sei se é meu.
Fico ali,
na escuta do que nunca foi dito em voz alta.
Verdades e mentiras
que a vida semeou como quem esquece de colher.
Elas dançam no silêncio,
e eu, espectador de mim mesmo,
permaneço calado.
Não argumento com a sombra,
não discuto com o vento.
Apenas fico.
O olhar perdido em um ponto
que talvez nunca existiu,
mas que insiste em me encarar
como se soubesse de tudo.
Tião Neiva