Canto da Sereia
Outra vez o firme assobio do vento me enfeitiça, me seduz, como canto de sereia
A busca incessante por frestas para seu encanto lançar, hipnotizar e então me afundar na areia
Nas brechas, mínimos ruídos ganham proporções maiores, pequena e orquestrada sintonia
Engana ouvidos absolutos, quanto mais os meus tão relativos, condicionados tímpanos
Tenho certeza de que o que ouço é magia sendo lançada, formulada, expelida sinfonia
Sem audição apurada para não ouvir tal chamada, entrego-me e vou, abstraído
E num lampejo, um suspiro afora, sereno, não pertenço ao corpo orgânico, viro ventania.