Canto da Sereia

Outra vez o firme assobio do vento me enfeitiça, me seduz, como canto de sereia

A busca incessante por frestas para seu encanto lançar, hipnotizar e então me afundar na areia

Nas brechas, mínimos ruídos ganham proporções maiores, pequena e orquestrada sintonia

Engana ouvidos absolutos, quanto mais os meus tão relativos, condicionados tímpanos

Tenho certeza de que o que ouço é magia sendo lançada, formulada, expelida sinfonia

Sem audição apurada para não ouvir tal chamada, entrego-me e vou, abstraído

E num lampejo, um suspiro afora, sereno, não pertenço ao corpo orgânico, viro ventania.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 03/06/2023
Reeditado em 30/01/2024
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