Mísera criatura
Não me chame de poeta, meu senhor
pois não sou
Sou apenas uma mísera criatura que brinca
com as palavras
mas que as sente com tamanho sentimento
que chega a doer até nas minhas veias.
Escrevo dores de tantos, decepções, tantas
angústias e amarguras...
Não meu senhor, não me sinto poeta
sou criatura errante, pecadora, que vivo vagando
tantas vezes perdida de meus quereres.
Vivo escondida nessa minha ilha com meus devaneios
e porque não dizer talvez, sonhos
Mas o que uma mísera criatura como eu ainda tem o
direito de sonhar?
Há algo aqui dentro que corrói minhas entranhas,
que arde sem parar, que vai rasgando e tomando
pra si o meu melhor...
Mesmo assim, meu senhor, ainda busco com uma
vontade voraz encontrar a harmonia em minha alma e
livrar-me de todo mal, todo veneno em meu corpo.
E assim será, não é, meu senhor?