Nas Patas do Elefante
Perdi todas minhas luzes
E espadas. Restou-me, por ora
Por sorte, metade duma aurora
Brilhante. E metade da noite.
Vi-as nascendo e dormindo.
Tentei acolhê-las e não consegui.
Era tarde da tarde... Queimava o
Cigarro. O céu brilhava púrpura.
Vi-as acordando e gemendo. Tentei
Respondê-las. Por ora, por tarde, ontem
Tentei tatear o fogo com os pés. Senti-lo
Como se fosse meu filho perdido.
Fiz alguns versos e logo fiquei orgulhoso.
Quebrei os ossos das mãos com um martelo.
Queimei satisfeito meus objetos de ouro
E meu órgão humano nunca mais foi o mesmo.