CHAMAS
Chamas ardentes que o meu interior inflama,
Ardor das eras e da correnteza humana,
Fervor das águas profundas do meu mar.
Morrerei em vida nessa chama ardente
e nas corredeiras das lavas esfumaçadas
- Foge da alçada dos humanos, a chama!
Flama, enrubescido princípio alquímico.
A chama, talvez a única não matéria quase viva
a consumir a vida, como se não fosse vida!
Chama que inflama e ao ser transmuta
para o não ser ou outra coisa qualquer!
Fleumática não presença da única chama
a alardear todo o marasmo das matérias nuas,
antagônica e crua e real e inimaginada clama
por tudo que é vida, matéria e comburente,
como a combatente coluna de um exército
a invadir os vãos de um combalido inimigo!
Lida perdida contra coisa tão presente e tão pétrea
e tão fluida e tão carrasca,
a chama, como a lama que te espera.
Não há vida na chama,
Não há dúvidas na chama,
Não há remorsos na chama,
Todos seremos, um dia, matéria das chamas.
Todos transubstanciaremos nas chamas,
para enfim, redimidos salgarmos a terra em cinzas.