Lenora
Essa história aconteceu no reinado de Lenora, rainha que dominava as artes mágicas e vivia do amor que emanava dentro dos corações de quem por ela se apaixonava.
Quando a vi pela primeira vez, logo me apaixonei
Eu era um nobre de outras distantes terras
E todo meu reino a ela eu entreguei
Por ela enfrentei no meu caminho, perigosas feras
Me entreguei completamente, meu coração para ela eu dei
Uma noite depois de fazermos amor, da cama me levantei
Fui em direção ao lavabo, e sobre a pia uma adaga encontrei
O Objeto era belo e adornado, por pedras que nunca imaginei
Peguei a adaga e logo minha mente foi tomada por imenso clamor
Vozes na minha mente me obrigaram a perfurar meu peito
Enterrei o objeto cortante até onde estava o meu amor
Arranquei do peito o coração pulsante, era tarde, já tinha feito
Por forças que eu não conhecia, a morte não me tocou
Meu coração em minha mão pulsava com muito fervor
Novamente em minha mente, uma voz hipnótica falou
De a Lenora de presente, seu coração como prova de amor
Sem pensar peguei uma pequena e adornada caixa de presente
E dentro dela depositei meu coração com muito cuidado
A caixa tinha uma fechadura e a voz falava cada vez mais onisciente
Feche a caixa a embrulhe, seu coração será doado
Pela manhã, ainda por forças estranhas dominado
Senti um grande e estranho vazio no peito
Não entendia como ainda estava vivo e transtornado
Chamei por Lenora e ela se levantou do leito
Tenho para você o que eu mais queria te dar
Não tente adivinhar, é impossível saber
Embalei com muito cuidado para não quebrar
Seja delicada ao abrir, você vai se surpreender
Lentamente foi abrindo o presente misterioso
Soltou o laço delicado tentando não rasgar o papel
Puxou lentamente o papel colado e sedoso
Respirou fundo, era grande demais para ser um anel
Como se não soubesse a respeito do conteúdo
Com uma mão acariciou meus cabelos
Me encarou como se eu fosse um moribundo
Desviou o olhar e se encarou em seus espelhos
Depois do papel retirado, havia uma caixa de madeira
Fechada e com uma pequena chave presa nela
Não era muito pesada, mas queimava como uma fogueira
Foi em direção a uma das portas que dava para uma janela
Pegou a chave que estava presa em um entalhe
Inseriu na pequena fechadura, rodou até abrir
Quando a chave terminou seu giro, viu um detalhe
Olhou para mim, de repente começou a sorrir
O que estava dentro da caixa não a surpreendeu
Ela já possuía o que ali estava fazia muito tempo
Pegou o presente dado e seu olhar me enlouqueceu
Agradeceu comedida e me olhou por um momento
Levantou-se do sofá e veio em minha direção
Me abraçou com delicadeza e com grande emoção
Sussurrou em meu ouvido uma suave canção
Que falava de alguém que amava um coração
O coração que eu havia dado, faria parte de uma coleção
De muitos corações a ela doados por diversos amores
E me disse que era um momento de grande emoção
Pois um homem sem coração não sente mais dores
Ela falava das dores do amor e de todos os sentimentos
E com o meu peito vazio eu seria muito mais forte
Com o meu coração na mão, me olhou por alguns momentos
Apontou a porta, falou que eu deveria rumar para o Norte
Sem questionar e me sentindo mais forte
Peguei meu cavalo, espada e parti
A direção escolhida era perto do Vale da Morte
Parti velozmente, sem hesitar, sem resistir
Sobre meu cavalo cheguei a um lugar sombrio
Desmontei, havia chegando em uma densa floresta
Havia na beira da estrada, um grandioso rio
Parecia que algum ser me espiava por uma fresta
Empunhei minha espada e fiquei preparado
E alguém gritou pedindo calma e foi se aproximando
Perguntei o que queria ou o que estava tramando
Mas o homem sorriu como se estivesse debochando
Ele disse que nada tramava, com tranquilidade me pediu calma
Disse que era um guerreiro, o guardião da floresta gelada
E que era como eu, não tinha coração, mas tinha uma grande alma
Fiquei intrigado e pensativo, como ele sabia que meu peito não havia nada?
Mais tranquilo e destemido, guardei minha longa espada
O guardião então um pouco mais seguro chegou mais perto
Apontou para o outro lado do rio, me mostrou uma estrada
Disse que por ela eu deveria seguir até encontrar um deserto
Explicou que não seria um lugar deserto, com sol escaldante
Mas um lugar deserto coberto de gelo e muito brilhante
Falou que o caminho seria longo e até estafante
Mas pelo que notou meu cavalo negro era forte o bastante
Se antes eu pensava que estava perto do meu destino
Por horas cavalguei sem parar e sem cansaço sentir
Enquanto cavalgava ligeiro, me sentindo como um menino
De repente uma saudade estranha fez meu ritmo diminuir
Tomado fui por lembranças de Lenora e nem percebi
Meu cavalo foi diminuindo a velocidade e parou
Olhei para todos os lados e no deserto gelado eu me vi
No meu destino havia chegado e uma mulher estranha se aproximou
Pediu que eu descesse do cavalo e para um castelo apontou
A construção contrastava com toda solidão do lugar
A mulher chegou mais perto e brevemente me tocou
Disse que no castelo antigo e frio eu iria habitar
Nos olhamos profundamente, palavra nenhuma foi dita
Mas sua voz telepaticamente invadiu minha mente
E ela disse que aquela terra era estranha e maldita
E como seu guardião eu a defenderia ferozmente
Eu era mais um soldado do exército de Lenora no Norte
Como meu peito estava vazio, eu nada temia ou ansiava
Defenderia aquelas terras geladas sem temer a Morte
No castelo entrei e percebi que ali ninguém morava
A estranha me indicou o caminho por corredores escuros
E com uma tênue chama de vela me guiava
Chegamos a uma sala ampla, de lá eu podia ver os muros
Eu me aproximei de uma janela, senti que nada me faltava
Com o passar dos anos, A lembrança de Lenora me alimentava
Compreendi que ter o coração arrancado do peito e a ela doado
Era uma forma mágica dela viver, de corações se apoderava
E como o guardião do Norte fui feliz e afortunado
Assim aconteceu, com todos que por Lenora se apaixonaram
Ela recebia seus corações e os enviavam para proteger suas terras
Um exército de guerreiros, que por seu amor e beleza lutaram
Até o final dos tempos, travaram por Lenora muitas guerras
OBS: Acredito que nunca escrevi algo tão longo, tentando rimar. Caso encontrem discrepâncias, erros, enganos ou qualquer coisa estranha, ficarei agradecido se, por e-mail ou comentários me ajudem a corrigir o que for preciso.