Eu, Poema

Enquanto as árvores poetavam

Os gatos faziam jardins em luas

E nas noites de Lua cheia (ou vazia)

Os Homens faziam outros homens

(Ou mulheres) com outras mulheres.

Embaixo de uma pedra havia azul

E no canteiro celestial havia uma flor.

No céu do chão uma estrela nascia

Da forma como nascem as pereiras

E as romãs, as amoreiras e as maçãs.

Uma serpente feita de pedra e pó

Rasteja silente entre galhos cantantes

Deixando um rastro de cometa parido

Pelo caminho que tinha alma de janela.

Ondas levadas e brincalhonas vêm

E vão em forma de balão ou cascata

Nas casas-matas, nas cercas-vivas,

À meia-noite, à meia-luz, a meio metro,

Deixando um olhar de lenha ao fogão

Na imaginação do leitor assíduo e assaz.

Eu, Poema, poemo em tu.

Tu, Poema, poemas em mim.

E assim nós, Poemas, poetas,

poemamamos o verbo em si,

A verve poética,

A verborrágica

Escatológica

Hemorrágica

Melancólica

Ira amorosa

Amor e rosa

Desde que seja

Verbo, verve

Nostálgica

Verborrágica.

Do barro sujo foi que nasceu o caramujo.

Dentro do jarro grego tinha um segredo.

Embaixo do lençol nebuloso, um sol,

Um universo de versos feitos, enfim,

Dentro do poema havia um pouco mais de.. mim!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 30/06/2020
Reeditado em 30/06/2020
Código do texto: T6992576
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