Sátiro

Explica, mediúnico,

que satírico protesto

seria colorido de noite

sopro de flauta

em palpáveis breus?

Abra a bocarra da noite

e despeja

o sátiro

não o grego...

Despeja

para fileira de hipócrita parafernália

assaltantes da floresta roxa

velhas ruínas

das Gerais

e do plano.

Seu sátiro não chora,

desdenha dos salvadores

dos credores

dos arrotadores

dos meus terrores

pulmões e nervos d’água

cínicos de uma noite saturada.

Ofereça-me uma dose daquele sonho,

aquele dos espíritos reunidos

em falatórios vivazes

envoltos na falta de luz

velas decepadas e escorregadias glebas.

O sátiro dança alheio

em ritual fiel e raízes de vícios

sempre adiante

sempre adiante

sempre adiante

por trinta e sete mil anos.