ANÍMICO
Ouça-me!
Ininteligivelmente,
Apenas ouça-me!
.
Tente captar a essência
Da invisível palavra
Indivisível!
..
E mesmo que só perceba
A mudez trazida pelo vento
Ainda assim,
Ouça-me!
Os espectros se imiscuem
Formam um todo
Repleto das especificidades
De cada uma das minhas percepções
.
E assim, no todo ou em parte
Ela se faz única
Pois sou um só!
De múltiplas formas,
Convergindo para uma homogeneidade
Porque as formas heterogêneas
Não se traduzem na unidade deste poema
.
E de tantas vivências
Abarrotadas,
Transbordando
Os didáticos silêncios,
Sou, pois, aquilo que me defino
Mas não ensino, nem assino
Porque vivo aprendendo
“Ad Aeternum”
A ser nas várias faces que me apresento
Um só rosto no meio da multidão
.
Portanto, não tente me entender logicamente.
Não lance a âncora
De inócuos racionalismos
Em vez disto,
Sorva-me!
Sirva-me!
Salve-me!
.
Pois é na tua incompreensão sincera
Revestida deste amor visceral
Que encontro o terreno fértil
Para cultivar a semente
Das minhas mais reveladoras
Manifestações anímicas.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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