MARCHA

Marchar uma vida, transcender,
Ser o que se quis (ou não) ser.
Velho bruxo, pequeno bruxo,
Mexer no Destino, me achar.
Um tacho, mais uma acha…
Mexa, mexa, mexa…
Uma mecha se mexe,
Uma madeixa desce à face:
Úmido cacho desfaz-se.
Uma marcha me acha na noite,
Acha passos do inconcebível.
O passado é rico, mas não se mexe;
O futuro enriquece e marcha.
Passe, passo passado!
O próximo passará também…
Destino, ache-me brechas!
Remexo a madrugada sutil
De dentro da madrugada-tacho –
A marcha me traga o passo.
É na madrugada que me acho
O bruxo que mexe o tacho
E encaixa o novo passo
Da marcha que passa
Por mim deixando nenhum traço.

Madrugada, 18.07.04
De: “Viagem ao País dos Seres Humanos”,
Editado parcialmente.