MEUS EUS
Há um verdadeiro inimigo íntimo introspecto em minha face.
Um impostor de disfarces – vilão na desconstrução do Eu.
Como ínfimo aliado, Ele é um espectro e cruel caçador de mim.
Alienado enfim, tornei-me hospedeiro desse Eu-predador.
Sou Eu falso narcisista – meu Eu é um cadafalso de ego perigoso.
Rigoroso opositor. Tenebroso insolente. Rival individualista.
De servil farsa - o Eu-antagonista não disfarça desapego de mim mesmo.
E aí Sou cego indolente, à esmo sem prumo. Eu-alienista em viés sem rumo.
É o outro lado do Eu, em revés desse Eu-corsário errante.
Minha restrita luta. Interna labuta. Contra-mão de meu Eu-concorrente.
Mas é na trilha desse Eu-adversário – malandro de caretas incontáveis,
Que brilha um perturbado Eu-vagabundo de bonitas facetas.
Um irmão que vagueia clandestino. Eu-inquilino desse conturbado mundo .
É a guerra de desatinos em horrendo universo de infinitas batalhas.
Não há exagero na navalha a dilacerar o anverso de minha razão.
Não domino meu mantra – é o Eu morrendo ao entrevero do Eu contra Eu.
Às vezes é o Eu-pilantra que descerra o destino de minhas verdades.
Entanto sou ativista combatente alheio ao flagelo de minhas atitudes,
E neste duelo de vicissitudes confio na melhor versão do Eu-mesmo.
No Eu-opositor há um desafio constante de minhas vontades,
E sou Eu-terrorista – firme ultrajante de minhas indecisas decisões.
E agora tenho receio que nessa hora o Eu-oposto se confirme vencedor.
Mas antes do agravo do Eu-morto, vítima dessa cruel adversidade,
Meu Eu-oponente, enfim perdedor. Vencido e absorto em desgastante cansaço.
Nesse instante não disfarço um sussurro pujante nascido do fiel Eu-irmandade,
E esmurro meu corpo e faço dele novamente meu escravo.