O poeta louco!
Vivo dentro dos poemas que visito sem parar.
Ouço a poesia em todos os que neles me encontro
no abandono da leitura, no achamento dos olhares
ou no barulho do entendimento.
Poeta o sou!
Basta-me dizer para mim mesmo,
que os outros saberão entender o que nunca pude.
Clamo aos deuses quando declamo.
Os poemas são joias de muitos donos,
menos do poeta que os teceu.
Prendo-me nos versos rabiscados
como se fosse o único a frequentar o cabaré
ou a beber dos versos transversos que não podem
ser lidos por ninguém.
Tenho os meus, como filhos que adotei do mundo...
por amor à arte de tecer, talvez... poemas,
ou pela capacidade que eles próprios me ensinaram
a envenenar-me sem precisar dos venenos.
Quem me ler me alimenta.
Como poderei então morrer algum dia
entre amigos...
nas leituras que fazem do poeta que há
entre todos eles?