A Negra Noite
A Negra Noite
Porque tinha um praia no coração
No teu regaço achou de bom alvitre
Um lugar para guardar uma tormenta
uma tormenta sem peias que insiste...
O esbiro da lei no curtume,
Deu ganas de estrangular então a noite
Para que ela vomitasse estrelas
Estrelas puras e cadentes em açoite
Fecundada a esqueletica maré, no peito
Ficou pejada do mar revolto...
Nos rochedos descarregou o tédio
Olhou para o céu, e viu o céu cair morto!
O borborinho da invernada
Ecoou pelas plagas ao vê-la
Um sertão escuro era o mar
A noite um praguejar sem estrelas
Como uma revolta pedante
Um esbulho da propria alma
O destino lavou suas mãos
Sem tesão a noite escondeu a cara...
Fugindo assim do olho de fogo gigante
Do bicho de ferro, que vinha resfolegando
Arrotando brasas e soprando fumaça
Esquivo já não deslizava, ia trotando...
E ela continuou escura, como luto
Escondendo em suas asas um feixe
De almas pretas que subiam o monte
Para pescarem estrelas no céu,
Como se fossem peixes!