RETAS
Eu era cateto oposto e tu já era adjacente.
Daí delineamos profícuos rabiscos congruentes,
E no tracejado de nossos planos cartesianos,
Em promíscuo riscado, a filha hipotenusa,
Linha confusa de nossa irresoluta equação.
Tu, figura tangente, musa de complexo teorema,
Eu, simples função linear de eufóricos expoentes.
Nossa fórmula foi reflexo de inúmeros apótemas,
Esforço constante de meus pitagóricos pensamentos.
Nós, riscos retilíneos de ângulos pelo vértice opostos,
Fomos apostos em incógnitas flechas inscritas sem rumo.
Dois Fios de prumo em esboço de maços de cinzel,
Trêmulos traços de pincel nas brechas de tua brochura.
Geometria em cio – óh meretriz de incontáveis arestas!
Daí a teoria daquela bissetriz tão equidistante.
E nas frestas circunscritas fui amante de tuas hachuras,
Ora em rabiscada simetria, ora desenhado em fagulhas.
Mas antes da morte, ainda serei esta reta secante,
Uma lança errante sem qualquer direção,
Pois mesmo incauta, seguirei a seta do teu norte.
Uma inequação de sorte ainda há de nos guiar,
E quando vetores inscritos em folha sem pauta,
Nós, retas paralelas, no infinito iremos nos encontrar.