"GRANDES LÁBIOS"

Na beira-mar

da manhã

nevoenta

acariciei a saia

dos seus grandes lábios

surdos.

Com espanto, eles logo

ouviram:

— Pára, não é por aí.

Dentro de lenta

tarde

automóvel

apertei a seda

dos seus grandes lábios

cegos.

Pasmos, eles logo

enxergaram:

— Por que esse tesão todo?

Debaixo de um

noturno

chuveiro

toquei firme

os seus grandes lábios

mudos.

Em espasmos, eles logo

gritaram:

— A duração do desejo é a mesma da vida!...

(*) Do texto “Na Terceira Vez” de Fernando Achiamé.

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 15/08/2007
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T608119
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