FIGA

Este corpo é meu amuleto

Sou como pedra apenas

Não me arremesso

Como penas ao ar.

Sou pedregulho

Esta pele eu enfeito;

Aramada no dedo,

Amarrada, seixo,

Enforcada no peito,

Trespassada na cartilagem,

Incrustada no osso,

Decote do seio.

Não trepeça, sou peça.

Visto os que se despem

Para amar e para pecar.

Não tropece em mim

Se entorpeço se a sua luz

Decanta em mim.

Fiel ao céu

Vou ao fundo do mar

Com esta efígie,

Âncora que um dia irá flutuar.

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 16/07/2017
Reeditado em 16/07/2017
Código do texto: T6055967
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