guarda-roupa
é de manhã
abro o armário
escolho a rebeldia
pra trair todo o mundo
sem me preocupar se eles
estarão me olhando
ou não,
pego o comfort-terno
sentir-me eterno
não é o que procuro
embora não esteja seguro
de que estou buscando emprego
ou não,
vou de blue-jeans
é preciso manter
o accent americano
e esquecer do profano
pedantismo britânico
soro antitetânico
não faz mal a ninguém
ou não,
vou de bermuda e camiseta
como se fosse ao Maracanã
pra final do mundial de peteca
e depois tirar uma soneca
naquela cadeira de plástico
da sorveteria franchising
que eles chamam de Pop’s
que o pobre nunca vai lá
voilá,
melhor é ir de uniforme
assim eu me sinto enorme
com meus dragões e medalhas
com jeito de quem faz o bem
que nunca é feito a ninguém
porém, se eu for assim vestido
talvez possa dar resultado
Rio, 03/08/2007