Poema de inverno
Inverno...
os olhares suaves das camélias
poetizam as manhãs.
Sem ruído nem angústia,
como estrelas assustadas,
suas pétalas desfolhadas
vão caindo pelo chão
formando um manto de poesia
na relva molhada,
como um linho do coração.
Inverno...
a voz dos pássaros
canta a vida, a alegria.
Orquestra quase humana,
quase terrestre.
Nunca deixará de ser poesia.
Os querubins têm a pele de névoa
preenchendo todos os espaços
pela manhã e à noite.
Seu abraço é conforto,
puras frontes de brumas
enlaçando a poesia
uma a uma...
E as montanhas ao longe
que guardam o silêncio,
são meus mestres, meus monges
que abençoam tudo que sonho,
tudo que penso.
(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)