MEU VAZIO (SARAU II)
Uma multidão de vultos cruza o deserto.
Vez em quando gritos perdidos ao longe
Cortam o ar.
Fora isso, só as vozes do vento...
As gargantas ressequidas cospem areias
E a rouquidão de alguma tosse aqui e acolá.
Fora isso, só as vozes da noite...
Escuridão, escuridão, escuridão.
E um frio cortante rasga-lhes as carnes.
Fora isso, só as vozes da imensidão...
E uma solidão devastadora enche-lhes os corações
Nem céu, nem sol, nem chuvas.
Fora isso, só as vozes do vazio...
Do meu vazio...