Seus olhos azuis naufragavam
num mar de tristeza...
Você via as coisas mas 
não enxergava
Havia uma miopia institucional.
Ficava imaginando suas lágrimas azuis
escorrendo nas faces rosáceas
E o quanto delas seriam necessárias
para semear alguma esperança?

Seu olhar era a mirada da dúvida.
Estavas estupefata
diante do abismo contemporâneo.
Do mundo líquido.

Não sabias navegar na mutação incessante
da vida.
Tudo que queria era apenas ter a dura
certeza dos dias.
E envelhecer com velhas crenças
até que a morte finalmente
libertasse dos grilhões 
da fé.

Seus olhos desconfiados
observavam tudo 
com a atenção nihilista.

Há uma ausência em seu olhar.
Há uma procura desesperada por afeto.
Por uma mão... um amparo.
Mas a retina guarda do mundo a luz 
que permite ver...
as aparências.

Mas nem sempre permite ver
as essências
encrustadas profundamente
em cada ser.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/03/2016
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