SEXTA METAMORFOSE - Poesia nº 29 do meu segundo livro "Internamente exposto"
Do ar que eu respiro, pesado e tão morto,
Esguichei em sopro, o meu veneno fatal;
Sequei em momentos de agonia, absorto,
As feridas inseridas no meu mapa carnal!
Ainda que a depender dele, não respirasse,
Eu comeria as próprias existências latentes;
Após, cuspiria honras de quem me matasse,
Que caídas no meu chão virariam sementes!
Na madeira oca da devida textura - me aninho,
Trançando-me em cipós na estrangulada mata.
Aqui, vejo e ouço pios de um cego passarinho,
Que mal se formou, onde esse futuro o retrata!
Onde expeliram seus atos de incompetências?
Se na madeira sã cortada, já inimiga, o matará!
Sentirão as torturas das oportunas resistências,
Encravados às estacas da dor, que não tardará!
Na água, me levo na correnteza desse obscuro,
Em lugares que de mim lá imploram, por abrigo.
É bem e mal que posso segurar, mas não curo;
É vida, é preciosa e, também um grande perigo!
E, podem se revoltar marcadas nas memórias,
Que se assistiu na antiguidade do meu mundo,
Sem a sorte que a cada gesto afundava glórias,
Transformada num lago negro, muito profundo!
Na massa, que o espaço ocupa e sempre piso,
Fui um dia areia, que se esvaiu pra outro lugar;
Bom homem, que por lá, ficou doente do juízo,
Ao andar nas fundas rachaduras do meu penar!
E sagrei-me tão grande à firme terra produtiva,
Que se desdobrava nas constantes agressões,
Avisando todos os seus invasores: Estou viva!
Mesmo destruída, em lamentos sem perdões...
O fogo alastrado era a brasa ardida do meu ser,
Em fausto de luminosidades da sua rica magia;
E lá queimava a tua carne, de um eterno sofrer,
Ao te envolver na culpa do mal que a mim fazia!
Assim, tentas desmanchar esse grande pecado,
Da penitência à fogueira, em sôfrega clemência;
Mas, sou milagre! Incinero e cresço ao seu lado,
Dançando leve, na rubra luz da sua decadência!
O metal derretido das minhas veias irá esvaziar
Teus lucros, na agra falência de um luxo vicioso,
Que na fome de cobiça é um alto preço a pagar,
Pelo humano explorador do meu solo precioso!
Procuras a felicidade, sem temer castigo do céu?
Não me provoque nesta própria casa destruída!
Mato-te com o fogo! Caixão e terra teu mausoléu!
Com o ar te destruo! Afogo-te! Derreto-lhe a vida!
Eduardo Eugênio Batista
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