ESPÍRITOS OCULTOS - Poesia nº 28 do meu segundo livro "Internamente exposto"
Do mal que aqui se cometem,
Eles que lhe trazem toda a ira,
Quando é certeira na torpe
Promessa da vasta mentira,
Do ser humano que errou
Na terra vã e assim profana,
A ficar indigno de sua alma
Que pronta lhe abandona!
Dos que o veem ao longe,
Numa situação desonrosa,
Muitos o condenam por ser
O espinho e não a bela rosa,
Que da mãe flor, tu nascido,
Morrerás muito, muito infeliz,
Sem ter brilhos ou ter cores,
No segredo que foi seu juiz!
Neste jardim de ceifas que
Tu, vivente, és sim, vulnerável;
Ainda ficas um pouco mais,
Por não ser um ser miserável...
Mas, aquele que no coração
Pisado usou mesma malícia,
Pelo crime é apenado, talvez
Morra na própria insanidade!
E o outro que se vestiu em
Nuvens cinzentas da morte,
Já traçou o destino dentro
Do corpo, jogado a sorte;
São expiações em delírios
Ao ter a existência fingida.
É a carne fraca perfurada,
Pelo fio da faca homicida!
Todos têm fogo nas entranhas
E sacam as seculares espadas...
Calafrio e ameaças em fome
Das presas amaldiçoadas,
Revelam o assistir do tempo
Se enraizando nas mentes,
Na dor de mim, que vejo os
Seus vivos olhos ardentes!
Vestes negras, cheirando a
Mofo das antigas histórias,
Lembram as vítimas entre a
Vida e a morte, pelas glórias
Do mal que um duelo causou,
Por força do tardio livramento;
E é esse mesmo mal que nos
Levará para o sepultamento!
Usar a força divina em seu corpo,
Para enganar um irmão inocente,
Carregará na testa a marca d’uma
Cruz invertida, em sina penitente!
Não há lagrimas que o salvem
Do vil verdugo da passagem;
E este comerá os teus olhos
Infiéis, indignos de coragem!
O mais velho entre os espíritos
É o senhor chaveiro da agonia;
E no caminho que escolheu,
Leva-te pela trilha cega e fria...
Vem a morte! Que rasga em
Suplícios a tua dor, feito fera;
Agora tu és apenas presa e, não
Lembrar-se-á de quem antes era!
Eu, pelas mãos descarnadas,
Temo ir ao purgatório do além...
E nessa espera, a recordar meus
Pecados hediondos, sou o refém!
Hoje, aqui preso aos grilhões,
Eu fui deixado nesta morada...
Aos dias, fico sempre rogando,
Para ser a minha alma livrada!
Mas na minha vez, vem o verdugo
Com seu golpe certeiro, penetrante;
Sangro lento o que me resta de vida,
Num corpo de alma já distante!
Num fosso profundo sou jogado..,
Sinto nos dedos a decomposição...
São cadáveres! O cheiro da
Morte é meu ar nesta prisão.
Não enxergo mais nada, sou
Um mudo e ouço só a forte dor!
Meu corpo vai se desmanchando
Neste escuro, impuro de louvor...
E sumindo das criaturas de mim,
Nas sobras do apocalíptico adeus,
Já não me sinto, no último sopro,
Desta minha despedida de Deus!
Eduardo Eugênio Batista
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