Argila




Tombado,assim,exangue,frio solo...
Sofri tenebrosa queda de gigante,
Quando fino galho,caiu,sobre o colo,
Percebi secreto sinal naquele instante.

Ah!Em insanos gestos,acariciei a argila,
Estranha face do mais incerto sorriso...
Carecia moldar,deveras,era preciso...
Nascia,silente,do barro,musa tranqüila.

Senti-me semideus,onipotente,radiante!
Quando a meiga virgem beijou-me a face,
Ah!Cantei, aos astros,a gloria,triunfante!
Cego na paixão,desconheci o desenlace ...

Do outono,o frio vento,tornara vendaval,
As negras nuvens verteram pesada chuva,
Brotou viscoso suor entre a mão e a luva...
Percebi,então ,que era um misero mortal.

Ai!Que maviosa deusa desfez-se em lama!
Eternizou sobre a terra,um certo sorriso,
Eis,assim,prodigioso sinal de quem ama...
Não derramar o pranto,deveras,foi preciso!