LUA SURREAL

Rabisca o céu o pintor.

Não o quer de uma só cor.

O novo céu vai saindo de sua imaginação.

Quer transpor o limite de sua indagação.

Jorram cores ao mesmo tempo do pincel;

vão tingindo o velho véu.

Hipnotizado pela inspiração, o mestre lhe obedece.

Não tem a noção do que a sua mão escreve.

Faz um longo estudo

para ver onde colocará a rainha.

Escolheu o espaço certo o pincel pontudo,

para ela quebrar a velha rotina.

Desenhou a lua multicolorida!

Acertou no comprimento e na medida!

É uma lua mais do que superficial,

é uma lua surreal!

Lua banhada pelas cores primárias e secundárias.

Não deixa sem luz nenhuma área!

A lua não é terrenal,

mas a ideia me parece ser bem angelical.

Estou preso no céu distorcido.

As disformes estrelas deixam-me distraído.

A sonhada lua deu-me na garganta um nó;

é a lua de Miró;

lua para ninguém estar só.

O mestre reparte a criação comigo.

Quer que seja o meu novo abrigo.

Isto não é qualquer lua minguante,

mas fiquei policromizado,

ao ser invadido pelas suas cores penetrantes.

- Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, 1° de outubro de 1999.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 17/09/2015
Código do texto: T5385707
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