ALMAS DO NEGRO PECADO - Poesia nº 75 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"
Na escuridão das minhas costas,
E nesse tempo por mim já vivido,
Vejo lá atrás, o que sobrou dos
Meus erros nessas caminhadas...
Vem a nuvem de incertezas que
Devora o que eu já tinha sofrido,
Cuspindo réstias para os meus
Pesadelos de almas clamadas!
É ela que me cobre como um manto,
Em minha negra vida de penitência;
E também cobra esse meu mal com,
Míseras moedas d’um santo desleal...
Fico sem poder rasgar essas dores,
Que lá ficaram pedindo clemência,
E sem resgatar a moralidade que
Salvar-me-ia, deste destino fatal!
A carne crua me dói num lamento,
Que destas inocências a alimenta,
Descarregando-as nas memórias
D’um demônio..., sina que agora sou!
Sofro, mesmo sendo uma aberração,
Que a expressão só a mim aparenta;
Uma face enrolada em pergaminhos
De peles, que o desejo me costurou!
As vozes em calafrios que me cortam
Em lamúrias, levam-me condenações...
Os dias em mim nunca amanhecem,
Não vejo as luzes dos meus perdões...
Nada que eu faça força por grande
Arrependimento - me cura essa dor,
Mesmo a querer eu ao senhor Deus
Justificar; pois, violei e sou pecador!
E existo feito espíritos condenados,
Entre velas negras de fracas luzes...
Um calvário de espinhos é a minha
Morada, rodeado de muitas cruzes;
Cada uma delas ostenta uma placa,
Com o nome dos anjos crucificados...
Ali não repousa o corpo, só ficaram
As almas..., nos cravos martelados!
Eduardo Eugênio Batista
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