Obscuro

um cigarro não

dois por favor

fumo os atos

que fervilham minha mente

e agitam as peças no meu coração roubado

e divido este ato, hoje hediondo, com o vento

companheiro em mim dentro e fora das míseras moléculas

que compõem meu ser esta música imperfeita

que tenta adormecer o dragão do tempo que não se apaga,

pra mim o tempo não existe foi apenas o sonho de alguém que

já acordou e se foi sem preparar o café.

O mundo é só um susto, algo que já se foi com o abraço carinhoso do pai.

O que fumo não entra e sai, mas ecoa pela alma e pelo meu corpo e o estremece

com o amor que não me deixa só, nem dormir sem fazer sexo até exaurir nossas forças.

Então fumo para resfriar. Enquanto o amor dorme, transo insano com a poesia, o amor dorme profundamente doce, cálido e eu entro em êxtase com o poema que penetra forte quente duro em mim e deixa marcas pelo corpo, que estremece, e como um vampiro o poema bebe minha última gota de desejo então

caio desmaiado, na cama nua, deste quarto escuro.

De manhã acordo transtornado com o poeta frio pronto para ir trabalhar.

Elias F Mourão
Enviado por Elias F Mourão em 02/08/2015
Reeditado em 28/08/2015
Código do texto: T5332431
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.