Obscuro
um cigarro não
dois por favor
fumo os atos
que fervilham minha mente
e agitam as peças no meu coração roubado
e divido este ato, hoje hediondo, com o vento
companheiro em mim dentro e fora das míseras moléculas
que compõem meu ser esta música imperfeita
que tenta adormecer o dragão do tempo que não se apaga,
pra mim o tempo não existe foi apenas o sonho de alguém que
já acordou e se foi sem preparar o café.
O mundo é só um susto, algo que já se foi com o abraço carinhoso do pai.
O que fumo não entra e sai, mas ecoa pela alma e pelo meu corpo e o estremece
com o amor que não me deixa só, nem dormir sem fazer sexo até exaurir nossas forças.
Então fumo para resfriar. Enquanto o amor dorme, transo insano com a poesia, o amor dorme profundamente doce, cálido e eu entro em êxtase com o poema que penetra forte quente duro em mim e deixa marcas pelo corpo, que estremece, e como um vampiro o poema bebe minha última gota de desejo então
caio desmaiado, na cama nua, deste quarto escuro.
De manhã acordo transtornado com o poeta frio pronto para ir trabalhar.