IDOLATRANDO CAVEIRAS - Poesia nº 64 do meu primeiro livro "Em todos os sentidos"

Aqui na terra eu mais nada vejo, nem vivo,

Mesmo que renascesse na minha escrita,

A cópia de algum morto!

E nem aqui no céu, ainda que tão altivo,

Recompondo-me desta sina não maldita,

Proponho-me conforto!

Digas tu, ó morto poeta! A que tanto fulge

Neste lacrimoso de ti, o meu reencontrar,

Apegado a tua inspiração!

Digamos nós êmulos amigos, a que estruge;

E nos fios de fantoches e pantomima a criar,

Venerarmos tal emoção!

E seria uma desonra tamanha é tão certo,

Que do peito apagasse de sobremaneira;

O teu ler sem estar sumindo!

Tragas tu, esse abantesma pra mais perto,

Para que eu possa da tua poesia herdeira,

Resgatá-la da cova abrindo!

E tenho-te em minhas missivas tão crente,

Quais me abrigam d’um forte destino cruel,

Destes horrores humanos,

Que repasso nos papéis da minha mente,

Suprindo-o do lírico ao amargor do meu fel,

Crucificado nos enganos!

De nós, que se façam as lanças mensageiras,

Para perfurar discórdias entre os devoradores,

Vazá-las em sangue execrável,

Doutrinando-os a idolatrarem nossas caveiras,

Onde a poesia..., é o alimento dos adoradores,

Saída do sepulcro admirável!

Assim, a morte é linda mesmo fria, faz sentido!

Pois, o par a quem reges, já lhe espera sudário,

E foi um poeta que te levou;

Porque a vida não é mais esse espaço refletido,

Transformou-se num livro de asas - imaginário,

Que tua essência sobrevoou!

Eduardo Eugênio Batista

@direitos autorais registrados e protegidos por lei

Setedados
Enviado por Setedados em 16/07/2015
Reeditado em 07/08/2019
Código do texto: T5313596
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.