Trevas e tempos
A escuridão era tanta e tão espessa, que eu via
A luz da bunda do espermatozóide do vaga-lume.
Mas havia outro lume que vagava impune,
Este se gabava batendo guizos metálicos.
As horas que se contavam eram as mesmas que
Perdiam-se em madrugais gentílicos.
Cinco ciclos iguais se passavam em espanto
E muitos seres vis se acotovelavam
Para se esconder da verdade que doía.
Uma velha amiga da liberdade se levanta,
Tinha garras afiadas e sangue nas unhas;
Sangue de nobres e de miseráveis famintos;
Mas era o preço que se haviam pagado pela luz,
Que começava a pairar por sobre a cidade azeda
E viciada na mais torpe e feroz ignomínia.
Um lado da metrópole se recolhe e fica nas trevas
Outro, meio às cegas, arrisca uma perna e se ilumina,
AQluz era boa? Era a de Génesis? Apocalipse?
Os seres famintos descansam por um segundo,
Enquanto os vis vomitam as misérias acumuladas
Na falta de alma para distribuir caridades...
Carlinhos Matogrosso