CARAVÀGGIO
CARAVAGGIO- Pintor italiano (1610-faleceu com 38 anos)
Prostitutas, pobres,velhos esquecidos,
Eram seus modelos preferidos.
A espada manejava com audácia
,O pincel sujo, mãos sujas de barro, de terra
Traçava nas telas enormes
Rostos disformes
De homens do povo, do mundo
Do sub mundo onde transitava com bravatas.
Pintou Davi e Golias
Representado o criminoso
por seu próprio rosto horrendo, tenebroso
como a expurgar seus crimes na figura maldita do gigante
assinando no sangue vertido seu próprio nome:”Caravaggio”
Andou de cidade em cidade servindo a senhores importantes,
Mas teimoso orgulhoso,enigmático, extravagante,
Sem dinheiro ,sem dimensões,
Desordeiro ferindo os adversários com facas e espadas
Conheceu as mais fétidas prisões.
Pintou motivos religiosos sob a proteção de papas e cardeais,
Com motivos pobres e banais
brindava a feiura, a deformidade,
chocava seus conteporâneos, a nudez da pintura
chamada “TENEBRISMO”, onde os tons fortes da terra
contrastavam com os pontos de luz
brilhando nas saliências como um raio de sol que reluz.
Escolhia entre o povo humilde seus modelos
Na tela “A MORTE DE MARIA”Foi um choque,
Tirou do rio uma prostituta morta
com ela pintou Maria no leito de morte.
Sem anjos de asas abertas, sem assunção
,Sem estrelas na fronte, sem coroação.
Era a Maria do mundo, do povo, da luta
Mãe de Jesus amante dos pobres
que perdoava as prostitutas.
Numa briga inconsequente
Matou um jovem e fugiu como errante
Com a cabeça a prêmio o delinquente
Encontrou-se jogado
em uma masmorra aprisionado
Perto do mar, os homens o reconheceram na prisão:
-“MESTRE”,vamos zarpar naquele navio...
Ele entregou nas mãos dos canalhas
Suas mais preciosas telas,
Mais formosas, mais belas
Mas o navio zarpou sem o pintor
Que gritava em agonia:
-Esperem por mim, minhas telas
As mais valiosas, as mais belas...
Tombado na praia, sonâmbulo, febril, sozinho,
Sem ninguém para fechar seus olhos gloriosos
Lá se foi a fama, o pintor do pincel e da espada,
A glória e a infâmia, tudo se acabava no caus, no nada... no nada...
Miseravelmente viveu,
Miseravelmente morreu...
O Gênio não escolhe a vida pra nascer,
A Vida escolhe o gênio pra viver....