Hiatos

Hiatos

Coube em minhas mãos toda ira dos ventos

em minha cabeça, ar de mover montanhas.

Houveram façanhas entre cruzes e espadas,

quão foram as pelejas inúteis, tamanhas.

No peito ainda há teias, noites destroçadas,

guardadas, insepultas ao sumo das memórias.

Couberam verdades e asas em minha língua

para uma tempestade de bravias palavras.

Jamais ouvi o canto d'abutres e corujas,

mas deitei com aranhas nas mais sujas malhas.

Vestiram-me os olhos, mares d'água pura,

dormem n'alma pétrea, névoas disfarçadas.