Sacerdotisa de Orfeu

A uma quase irmã

De um vento risonho

Passando por mim suas asas

Sinto-me despertar de um sonho

Melancólico e belo

Porém, não é a leveza do vento que sinto agora

E sim a graça da música, cujas pétalas de rosa negra vêm tocar-me

Com o veludo do som

Como a lua a refletir no mar

Ao abrir meus olhos, vejo a borboleta azul a cantar um canto belo

Regendo a orquestra do firmamento que cintila

Sinto um torpe sono a me abraçar ainda

Não menos viva é a música divina

Em minha mente a adentrar...

E a borboleta canta

Começando a dança

Feita de luar

E essas asas de azul e prata

Chamam-me de volta

Convidam-me a também dançar

E eu, como sonâmbula

Pela brisa noturna deixo-me levar

Na música brilhante

Da borboleta regente

Está a magia a reinar

Fazendo com que esses compassos venham me acordar

Nessa torpe dança

Em meu espírito rouco

Volta a esperança a se embalar...

A cada compasso

Ouço a beleza mítica

Sinto em cada passo

A frieza do aço se quebrar

Esperança que volta a mim

Convergida em meu pulsar

Trazida pela música sem fim

Da borboleta azul e prata

Que a eterna música em si guarda

Lapidada por um dom singular...

Ela a espalhará assim

Com o vento que passa por mim

Sem nunca parar ou morrer

A borboleta de Orfeu

Afastando-se lentamente

Continua a voar...

Voará para sempre

Enquanto a música durar...

Ana Pismel
Enviado por Ana Pismel em 21/05/2007
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