Sacerdotisa de Orfeu
A uma quase irmã
De um vento risonho
Passando por mim suas asas
Sinto-me despertar de um sonho
Melancólico e belo
Porém, não é a leveza do vento que sinto agora
E sim a graça da música, cujas pétalas de rosa negra vêm tocar-me
Com o veludo do som
Como a lua a refletir no mar
Ao abrir meus olhos, vejo a borboleta azul a cantar um canto belo
Regendo a orquestra do firmamento que cintila
Sinto um torpe sono a me abraçar ainda
Não menos viva é a música divina
Em minha mente a adentrar...
E a borboleta canta
Começando a dança
Feita de luar
E essas asas de azul e prata
Chamam-me de volta
Convidam-me a também dançar
E eu, como sonâmbula
Pela brisa noturna deixo-me levar
Na música brilhante
Da borboleta regente
Está a magia a reinar
Fazendo com que esses compassos venham me acordar
Nessa torpe dança
Em meu espírito rouco
Volta a esperança a se embalar...
A cada compasso
Ouço a beleza mítica
Sinto em cada passo
A frieza do aço se quebrar
Esperança que volta a mim
Convergida em meu pulsar
Trazida pela música sem fim
Da borboleta azul e prata
Que a eterna música em si guarda
Lapidada por um dom singular...
Ela a espalhará assim
Com o vento que passa por mim
Sem nunca parar ou morrer
A borboleta de Orfeu
Afastando-se lentamente
Continua a voar...
Voará para sempre
Enquanto a música durar...