Jogo de claro-escuro

Gaiolas de verdade, liberdade de mentira.
Liberdades imaginárias, censura explícita.
O reflexo não é convexo... é côncava e disperso.
A imagem trai o espelho com a vaidade refletida.
Amores delicados num espaço bruto
Corpos que erram a trajetória
Bala perdida.
Almas corpóreas num etéreo de cimento.

Então tudo é cinza.
Cinza, cinza e breu
Meia-confissão
Mea culpa.
Meia-calça.

Meia chuva num inverno arrependido.

Pássaros de verdade num céu de mentira.
Casamento decorado e
regado com flores falsas
falsas promessas num documento de verdade.
Culpas explícitas em movimentos ocultos.

Mãos góticas
numa catedral postas em oração.
O brilho da vela acesa imerso em solidão.

Orações ritualísticas diante da inércia
contemporânea.
Desejos amputados.
Identidades multiplicadas.
Comunicação telepática, hipnótica e anestésica.

Paradoxos, contradições emetáforas.
Tudo tangencia o infinito, e,
em seguida, finda.
O cometa tangencia a Terra.
A vida entranha-se.
E a poesia sopra a magia
do lirismo irrestrito
que há em toda parte.

A parte não é todo.
É parte... é fragmento.
Um pouco de tudo...
É um tudo em tão pouco...
Reticências caídas
pelos cantos...
Escorrem.
Pisamos,
tropeçamos
e colhemos.

A primavera insensata
de corações partidos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/07/2014
Reeditado em 15/07/2014
Código do texto: T4882991
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