DIVANOITE
qual pescadora, ergue-se embarcada
na vacância do sol
lança rede de espaçoso e enegrecido aramado
d’onde luzes anãs transpassam
como peixes miúdos pra prenderem-se
em aquários olhares
sóbria e determinada
vai navegando sobre prados
arejando e calando em sonos
os desamparos do dia
mas, se da compota lunar
calda leitosa se derramar
perde a ufania
num arrebatamento langoroso
desfaz-se da negrura
largando se
esparramada e nua
*Mary*